"Lembro bem como comecei a cuidar de mim. Quando me arrumava pra sair de casa, ainda bem novinho, minha mãe mandava eu passar creme pra não ficar com a perna cinzenta. Hidratar o corpo, aliás, é um dos primeiros ensinamentos sobre skincare que mães negras passam pros filhos", contou pra gente o Tássio Santos (@herdeiradabeleza), em um texto cheio de afeto publicado aqui no blog no ano passado, falando sobre autoconhecimento e sua relação com skincare.
O jornalista de beleza e maquiador profissional disse que era no momento de hidratar a pele que olhava para si, via as "nuances de marrom que existiam ali" e como "a textura ficava mais bonita" à medida que passava o creme. "Na época eu não tinha consciência, mas foi assim que eu comecei a conhecer meu corpo", emendou ainda.
Pele negra e a hidratação
De lá para cá, o assunto pele negra e hidratação como herança de beleza sempre apareceu por aqui. Foram diversos relatos que surgiram em diversos bate-papos que a Sallve teve aqui no blog, seja em textos de influenciadores, membros da nossa comunidade ou durante a nossa Turnê, que passou (online, claro!) por todos os estados do Brasil.
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Ao falar de sua jornada com a pele, a influenciadora Magá Moura também mostrou que teve na hidratação sua primeira preocupação quando o assunto era pele. Apenas na adolescência foi que ela começou a prestar atenção em outros pontos, como a acne. "Quando eu era criança minha mãe tinha muito essa preocupação de ficar passando creme no corpo, pois morávamos na Bahia e ficávamos cinza, por ter pele negra", relembrou.
Enquanto isso, na passagem da Turnê Sallve por Rondônia, a Dandara Simão contou que sua influência de cuidados com a pele começou exatamente do mesmo jeito: “Nós vivemos em um clima predominantemente quente, só variando entre períodos - seis meses mais úmidos e seis meses mais secos. Cresci vendo a minha mãe, que lavava a pele com sabonete de bebê porque não achava produto, e que sempre usou hidratante, óleo para a pele ficar mais viçosa, para enaltecer o brilho da pele negra", contou.
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Apesar de ter a referência da mãe dentro de casa, Dandara conta que levou um tempo para inserir uma rotina da pele no seu dia a dia: "Fui entendendo que se eu não passava hidratante, a pele ficava cinza. Que quando eu tomava muito sol na praia a pele voltava acinzentada, não sabia o que fazer. Tinha queimadura e não sabia que tinha que usar um protetor solar. E essa é a regra número um do nortista: usar protetor solar. Foi mesmo com o tempo, vendo as minhas amigas, as mães das minhas amigas. Fui tentando entender como a minha pele reage nesse clima em que a gente vive.”
Já no Distrito Federal, o assunto surgiu na voz de dois convidados, que levaram para vida toda o quanto a hidratação é um passo básico essencial para manter a saúde da nossa pele. “Essa questão de hidratação de pele é muito da cultura da pele. Desde criança, antes de ir para escola, se minha avó visse que eu não tinha passado creme, ela mandava voltar e hidratar. Peguei esse hábito e julgo meus amigos que não passam. Eu virei a louca do hidratante, ainda mais aqui em Brasília, que quando você sai do banho a pele estica. E a gente que tem a pele escura, a gente fica cinza. Não é legal”, disse ainda Samuel Veloso.
Monique Correa, que é carioca mas mora há alguns anos em Brasília, também é do time do #cremãohidratante. “Costumo dizer que adoro um creminho. Creme de pele pra mim é tudo. Gosto muito de hidratar a minha pele. Minha mãe tinha muito disso, de sempre passar creme no corpo, então aprendi com ela. Com o tempo eu fui vendo que amigas minhas não passavam tanto hidratante quanto eu, mas eu não saía sem. Pensa isso no Rio de Janeiro. Era uma pele grudenta, mas agradeço minha mãe, porque se eu não hidratasse desde criança, talvez minha pele não fosse tão boa quanto ela é hoje em questão de hidratação”, apontou.
Mas precisa de mais hidratação?
Com essa herança de beleza recorrente, talvez surja a dúvida se a pele negra realmente precisa de mais hidratação. Quem fala sobre o assunto é a Dra. Monalisa Nunes, dermatologista consultora da Sallve.
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“Não é verdade, no geral, que a pele negra precisa de mais hidratação, porque ela não é um tipo de pele específico. Temos pele negra oleosa, pele negra mista, pele negra sensível, ressecada, madura e por aí vai. De modo geral, depende da pele negra”, aponta a especialista.
A dermatologista diz, porém, que há uma estatística de que a pele do corpo da população negra tende a ser mais ressecada. “A gente pode afirmar que, no corpo, os negros precisam de mais hidratação. Mas não é um dado muito fidedigno, que a gente atesta cientificamente, porque não tem uma relevância muito grande, vai depender do tipo de pele de cada pessoa”, aponta.
Mas e a pele “cinzenta”, Dra.? “Isso é só porque na pele negra você consegue visualizar melhor a pele ressecada, porque fica acinzentado mesmo. Enquanto isso, nas peles mais clarinhas, essa camada esbranquiçada da pele ressecada se dissipa na pele e você não consegue ver com tanta facilidade que a pele está ressecada. Nos negros, isso fica visível e gera esse incômodo. Mas esse ressecamento acontece com todos os tipos de pele, todos os tons. E, sim, hidratar é o melhor caminho”, explica.
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Portanto, vale lembrar: todos os tipos de pele precisam de hidratação e por isso a herança de família é tão valiosa. Afinal, pele hidratada é pele saudável, com barreira cutânea íntegra, protegida e resistente.
“Quem tem pele mais ressecada vai precisar de mais hidratação, quem tem a pele mais oleosa vai precisar de hidratação também, mas com ativos mais levinhos. O que varia não é nem a quantidade de hidratação, é a qualidade de hidratação. Então, se a pele é mais ressecada, você vai precisar de um hidratante mais potente, mais corpudo, com mais óleos, manteigas. Um cremão. Mas se a pele é mais oleosa, você vai usar um hidratante mais levinho”, dá a dica a Dra. Monalisa Nunes.
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