Ouvir o Arthur Basílio falar sobre sua relação com sua pele e seu corpo é sempre ter a prova, mais uma vez, de que essa relação vai muito além do que os olhos podem ver. Ela envolve nossa jornada com o mundo além da nossa própria pele, e nos faz olhar pra dentro e nos entender, nos descobrir. Às vezes é doloroso, outras é extremamente prazeroso, mas de uma forma ou de outra, sempre nos faz crescer.
O Arthur pontua o início da sua jornada com seu corpo ali na fase de descoberta da sua sexualidade: "Em comparação com as outras pessoas da minha turma eu era um patinho feio. Todo mundo me adorava, mas eu era o patinho feio da escola. E eu sempre fui muito vaidoso, então isso me incomodava", ele conta.
Começar a cuidar da pele, ele já contou aqui, foi um movimento também de libertação e de quebrar paradigmas de que passar um creme "é coisa de mulher": "Pra mim esses cuidados começaram de forma muito natural, quando comecei a ler revistas como a Capricho. Ao mesmo tempo, nessa época, as pessoas ficavam trazendo pra escola aquelas revistinhas de pedido de cosméticos, sabe, pra fazer uma graninha extra. Eu me apaixonei por esse universo assim. Não só pelos cosméticos em si, mas por me cuidar dessa forma. Ao ir me tocando, fui me descobrindo. Só que ao mesmo tempo em que fui me apaixonando por cuidar da minha pele, esse brilho nos olhos diminuía quando pensava no medo que tinha de alguém descobrir". Arthur contextualiza que tudo isso aconteceu numa época em que essas conversas simplesmente não existiam: "Só podia falar sobre isso com um grupo pequeno de amigas. Então era assim: ao mesmo tempo era incrível, mas ninguém podia saber que to passando um creme antiacne no rosto".
"Eu sou isso e acabou"
Foi nesse período que Arthur foi se descobrindo também com relação à sua sexualidade, mas sem querer se censurar: "Eu fui deixando transparecer, não fiquei acoado não. Eu sou isso e acabou, sabe? Só que ao mesmo tempo isso vem com um peso - era uma época de muito bullying, de chacota, e eu não queria ter mais um motivo para virar alvo".
Na escola, o Arthur sempre se sentiu mais livre do que em casa: "Eu fazia todas as minhas amigas passarem protetor solar e hidratante!", brinca. "Mas em casa era impossível, porque venho de uma família muito conservadora. E isso me chateava muito - não ter com quem compartilhar tudo aquilo. Então ficava só ali num perfuminho gostoso. Porque quando me pegaram passando hidratante no corpo, foi notícia por um mês".
Cuidar da minha pele começou como um diálogo comigo mesmo, e um start para começar a me adorar. Sair daquela fase em que era extremamente zoado e entrar em uma de me adorar, de poder dizer 'Se vocês têm problema comigo, isso é um problema de vocês, não meu'. Não ia mais deixar isso me maltratar, sabe?
Arthur Basílio
A comunidade Sallve
Esse diálogo hoje é bem mais amplo: Arthur é um dos membros mais engajados da nossa comunidade. Sua primeira colab com a gente foi a Turnê Sallve: "Foi um potinho mágico que se abriu. Aquela conversa saiu do digital, e pude conversar com outras pessoas, sentir o interesse que a Sallve tem de saber de você, em saber como você está, é uma coisa bem íntima que a gente não vê em outras marcas".
E, de novo, ele volta para a sua pele: "Essa relação ficou mais íntima ainda quando percebi que pude começar a cuidar da pele com bons ativos, até então algo muito distante. Até hoje o skincare é um pouco elitizado, mas naquela época ver a Julia Petit passando vitamina C na pele era coisa de outro mundo".
Ele continua: "Comecei a me encantar mais ainda por isso, sabe? Por começar a ver que minha mãe pode, eu posso, minhas amigas podem… Todo mundo pode cuidar da pele com fórmulas incríveis. Essa relação construída no dia a dia me faz estar aqui, querer estar aqui e adorar estar aqui. Conheço pessoas incríveis, aprendo coisas que não sabia..."
Conforto na pele: a parceria com a Hering Intimates
Arthur foi um dos participantes da nossa comunidade que fez parte da criação da coleção "Conforto na Pele", uma colab da Sallve com a Hering Intimates: "Fiquei muito feliz em ver o quanto eles estavam preocupados com todos os detalhes. Havia uma preocupação em agradar o máximo de pessoas possível, e poder dizer que a gente faz parte minimamente disso é muito louco, eu fico muito feliz. Até por que a Hering é uma marca que consumi minha vida toda".
Uma contribuição específica do Arthur pra coleção? As camisetas. "São um clássico", afirma.
E pro Arthur, o que é estar confortável no próprio corpo? Ele vê esse sentimento como uma revolução, na verdade: "Antes, quando eu pensava em conforto, dificilmente conseguia associá-lo a algo esteticamente bonito. Você estava bonito mas a calça estava apertando, a camiseta estava pegando ali do lado... Isso até essa reviravolta das roupas confortáveis e esteticamente bonitas. Hoje em dia quanto mais confortável eu estou, melhor me sinto. É me olhar no espelho e saber que não preciso mais usar coisas que me maltratam fisicamente. E o lance dessa colab vem muito disso - são peças muito lindas, extremamente versáteis e que vão te deixar lindo no rolê, mas ao mesmo tempo vão fazer com que você se sinta abraçado".