Tempo é algo realmente intangível, né? Mas tem coisas que quase que desafiam essa realidade. Ter filho é uma delas. Você vê claramente o tempo passando, ali na sua cara, diariamente. Como que aquele bebezinho que eu botava pra dormir toda noite no berço já bate quase no meu ombro? (a pergunta que me faço diariamente quando coloco minhas filhas pra dormir). Pele também: linhas finas, a perda da elasticidade, da firmeza... Mas e amizade? Amizade é uma dessas coisas que concretiza a passagem do tempo como poucas outras.
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Do alto de toda a minha (pouca) sabedoria dos 40 anos, eu já tive diversas provas de que o tempo é algo que mexe profundamente com amizades. Ah, e que amizade tem diversos tipos. Passei anos e anos sofrendo por não entender muito bem isso, ou por esperar que uma amizade de um tipo fluisse como a de outro tipo. Hoje, neste estágio quase-Gandalf em que me sinto, já aprendi, e tá tudo ótimo. Tempo, aliás, é algo que pode ser usado perfeitamente tipos de amizade. Quer ver?
A amizade que cresce com o tempo
Se essa amizade fosse um filme, ela seria daqueles cuja capa na Netflix seria duas pessoas abraçadas rindo, numa foto meio borrada, e de repente o título teria "para sempre" em algum lugar. Amizades que vão se formando num determinando momento e vão crescendo, amadurecendo, e vocês vão se tornando tipo irmãos mesmo. São tão valiosas!
Vocês se falam direto, a outra pessoa sabe tudo da sua vida, você sabe tudo da vida da pessoa. Ainda riem das mesmas coisas 20 anos depois, mas sabem conversar mais sério também. Brigam, se estressam, mas já aprenderam que nessas horas é melhor mandar a real na hora do que ficar remoendo. Ou deixar quieto porque você já sabe que passa.
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Para esse tipo de amizade, o tempo só constrói: vocês vão passando por tanta coisa juntos que, depois de 15 anos, estão rindo daquela roupa nada a ver que usaram pra balada em 2004 (relato real e pessoal da minha pessoa), ou então quando a gente dá uma tropeçada, a outra pessoa já relembra tipo "Arquivo Confidencial" do Faustão que você já passou por aquilo antes, e que se levantou. Amizade maior que o tempo. Pronto, ta aí o nome desse filme na Netflix, procura lá.
A amizade que independe do tempo
Todo mundo tem dessas. E é engraçado como a gente sempre diz, quando se toca disso: "Que engraçado! Parece que o tempo não passou pra gente, né?" (spoiler alert: passou. É que seu antioxidante está fazendo um trabalho incrível na sua pele mesmo)
A amizade que independe do tempo é aquela em que vocês passam meses sem se falar, mas quando se falam parece que tavam juntas ontem (antes da pandemia) na mesa de bar. Tem séculos que vocês não trocam nem um Whatsapp, mas bastou mandar um meme que você viu no Twitter que vem a sequência de áudios de dois minutos, sem reclamações de nenhuma das partes. Pronto: essa amizade seria um podcast.
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O tempo, a maternidade, o fuso horário, a distância geográfica, tudo joga contra um contato mais frequente nessa amizade, mas nada disso importa: sempre que vocês se falam é com a mesma intimidade de um contato frequente. Vocês retomam de onde parou, sem qualquer climão. E não se engane, nessa amizade dá pra confiar e contar vários segredos. Pode ser só que vocês se falem direto por mais um tempo, e aí aquela entrega te consume e pronto, passaram-se dois meses. Chama o meme!
E a que não resiste ao tempo
Antes que você pense que o clima vai pesar de bobeira, calma. Nem sempre tem climão nesse tipo de amizade que não resiste ao tempo. Existe apenas a ação do tempo em cada um de nós individualmente. Esses episódios de uma amizade perfeitamente OK que não resiste ao tempo, aliás, evidencia muito o fato de que, embora a gente possa até se sentir "um só" com nossos melhores amigos, somos pessoas diferentes, com as nossas individualidades e nossas jornadas. Nós e eles. E às vezes essas jornadas seguem caminhos que, em algum momento, vão afastar vocês dois. Não por uma briga específica, nem por falta de tempo: mas por que pessoas mudam, e amizades inevitavelmente mudam também.
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Eu mesma tinha uma amizade que foi "da vida inteira" por quase dez anos, até deixar de ser: por um desentendimento (possivelmente da minha parte, de não ter entendido que aquela amizade havia mudado), nós dois nos afastamos - sim, rolou climão ali. Passaram-se oito anos, nós dois sentimos saudade um do outro, nos procuramos e pronto: foi uma semana maratonando todas as temporadas da série que era nossa amizade mas que tínhamos perdidos por que, em algum momento, o plot se perdeu e a gente perdeu o saco de acompanhar (já tinha falado que esse tipo de amizade é um seriado?).
Foi lindo. Fotos da família, risadas, bafos recontados, coisas que mudaram, as coisas que nós dois amávamos mas tínhamos curtido separadamente nesse espaço de tempo.... Até que ele mesmo, o tempo, não poupou, e voltou a me mostrar que as nossas jornadas - minha e do meu amigo -, haviam seguido rumos totalmente diferentes. Não reconhecia mais algumas ações, não conseguia travar uma conversa por muito tempo. Não sentia mais confiança em me abrir. Não houve climão de novo, houve simplesmente o tempo de cada um de nós. Havia perdido completamente a afinidade com aquela pessoa. Não deixei de gostar, apenas mudamos - eu e ele, muito possivelmente. Eu, bem sinceramente, senti que eu segui e ele ficou preso vivendo aquela mesma vida que vivíamos em 2003. "Caramba, eu não tenho mais nada a ver com essa pessoa", pensei comigo mesma.
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Ou será que essa pessoa nunca teve a ver comigo e eu só percebi agora? Me fiz uma série de questionamentos, até entender que a tal da amizade que é um seriado que tá meio pra "Days of Our Lives" ou "Malhação" (uma referência para os jovens): não tem season finale, mas ela segue sem a gente ter mais o mesmo interesse em acompanhar.
Ao contrário do que aconteceu no nosso primeiro we were on a break, não houve deletar das redes sociais e apagar os emails (hoje em dia histórico do Whatsapp?): houve simplesmente o (meu, falo apenas por mim) entendimento de que nós havíamos nos afastado como pessoas mesmo. Eu sigo aqui, quando ele precisar de qualquer coisa - como já aconteceu. E ele segue lá, se eu precisar também, tenho certeza. Mas nossas jornadas são distintas demais para que a convivência (e talvez a confiança) sejam a mesma de 15, 20 anos atrás. E beleza, a vida segue: a gente continua curtindo as fotos no Instagram só pra sinalizar que não tem mágoa.
Amizades mudam: algumas crescem com o tempo, outras independem do tempo, outras não resistem ao nosso tempo. Talvez o segredo para não sofrer com isso seja justamente a gente reconhecer a categoria de cada uma delas, e seguir esse perfil. Quando a gente aprende isso, aliás, a gente fica mais em paz com nossos amigos e com a gente.