Para quem passeia pelo feed de Adriana Lua no Instagram, vai encontrar pele à mostra, sorriso no rosto e o dia a dia de uma estudante de nutrição que se tornou influencer faz pouco tempo. Foi no Youtube que ela se tornou conhecida, ao contar tudo sobre como foi o acidente que deixou 40% do seu corpo queimado.
De forma bem resumida, Adriana sofreu um acidente com uma panela de óleo na cozinha de casa em fevereiro de 2018 e passou dois meses no hospital. Foram seis cirurgias de raspagem, três infecções, um transplante de pele e ainda uma alergia a um antibiótico no final de tudo. O processo foi difícil e ela resolveu contar sobre eles em dois vídeos há pouco mais de nove meses.
De lá pra cá, se recuperou e aprendeu a ver beleza na própria pele, de uma maneira que jamais viu antes do acidente. “Minha pele representa o meu crescimento pessoal, representa resiliência. Sempre que me olho no espelho e vejo minhas cicatrizes, lembro de tudo que meu corpo já passou e de tudo que ele aguentou. Isso me traz força”, conta em uma conversa com a Sallve.
“Antes disso tudo, eu tomava muito sol. Muito MESMO. Vivia na praia, na piscina e não usava proteção na maioria das vezes. Nunca fui de cuidar da pele, no geral. Não era um pensamento que vinha na minha mente. Com a queimadura, fiquei numa posição em que não tinha como fugir e meus olhos foram abertos à força sobre a importância de cuidar da pele. Nossa pele é o maior órgão do nosso corpo, e não apenas nossa carcaça, por isso deve ser encarada com tal seriedade. Com certeza, essa foi uma das maiores lições que aprendi”, afirma.
Com a mudança que rolou em sua vida, durante o tempo de recuperação, ainda precisou aprender a se olhar e se amar novamente nessa “nova pele”. “Hoje eu me olho no espelho e vejo eu. Todo o processo de recuperação, desde as cirurgias de enxerto até atingir a pele que tenho hoje, foi um processo que me reconectou muito comigo mesma. Acompanhei a cicatrização com muita emoção, foi algo que definitivamente me fez ter outra visão de mim mesma”, explica.
“Passei a olhar para mim com muito mais carinho do que antes, entendendo que nosso corpo passa por diversas mudanças ao longo da vida e se adapta a isso. Nosso corpo se adapta à vida e ao momento em que estamos vivendo. Ele não liga para padrões, não liga para opiniões alheias. Ele simplesmente é. E tá tudo bem”, opina.
Enxergando a beleza
Durante e após o processo de cicatrização, Adriana Lua foi aprendendo a gostar cada vez mais das cicatrizes em tons rosados que agora faziam parte dela. “Eu tentei atribuir beleza em cada aspecto disso tudo. Olhava para minha pele e imaginava cada célula se regenerando, pensava que era o meu corpo se restabelecendo. Eu não tinha pele, estava exposta. Mas ela estava voltando! Ela ia voltar e me proteger novamente de todos os perigos que o mundo pode nos oferecer. E isso era simplesmente incrível pra mim!”, relembra.
“Então, por mais que a minha pele não estivesse se reestruturando conforme o padrão de pele perfeita, ela se regenerou da melhor forma que soube e cumpriu seu papel. Hoje consigo fazer tudo que não conseguia quando ela não estava aqui (na época em que estive internada). Minha pele existe. Ela está aqui, e podia não estar. Olho pra ela e a acho perfeita, valiosa. Entendi que beleza é relativa e ela depende do valor que atribuímos, e é por isso que acho minhas cicatrizes tão bonitas”, explica.
O Youtube
Com o vídeo em que conta sobre seu acidente somando mais de 9 milhões de visualizações, Adriana Lua começou uma troca muito interessante com seu público. Indo além da conversa sobre suas queimaduras, mas falando muito sobre depressão (que a acompanhou durante anos da sua vida), a busca pela autoestima, o amor pelas tatuagens (mesmo as que o fogo destruiu), e até relacionamento aberto.
“Tem sido realmente algo incrível poder atingir tantas pessoas com essa mensagem de aceitação. Todos os dias recebo mensagens de pessoas que não conseguiam ser felizes consigo mesmas, que não conseguiam se olhar no espelho e se reconhecerem. Definitivamente, as mensagens mais impactantes são aquelas de quem já passou por algum trauma físico que deixou marcas”, conta.
“Realmente, é um processo bem árduo esse de se reconhecer com essas marcas, olhar pra isso e ver crescimento, no lugar de dor. E eu sinto que parte da minha missão tem a ver com isso, incentivar esse olhar positivo em relação a nossa própria imagem, mesmo caso algo muito negativo tenha acontecido. Nossas marcas fazem parte da nossa trajetória e devem ser vistas como peça chave para nossa evolução. Todos temos nossas peculiaridades, e elas merecem ser aceitas como parte importante de nós. Então, conseguir espalhar essa visão é algo realmente muito gratificante!”, diz.
Cuidados com a pele
Adriana Lua mantém uma rotina especial para cuidar de suas queimaduras e confessa que não tem uma rotina certa de skincare, mas que tenta sempre se cuidar e dar valor aos momentos de autocuidado. “Pela manhã e pela noite, lavo com um sabonete para pele acneica e logo após passo um hidratante facial. Sempre que uso maquiagem, me certifico de retirar tudo e não deixar nada pra trás”, explica.
“Eu costumo só cuidar da área das queimaduras, onde uso um hidratante intensivo que a dermatologista recomendou. No restante do corpo, uso um hidratante mais suave, mas admito que esqueço dele na maioria das vezes”, diz, rindo.
Após o acidente, Adriana contou que a hidratação tem sido sempre sua maior preocupação. “Hoje em dia fico bem mais atenta quanto à hidratação da pele, como tenho que hidratar a pele da queimadura três vezes ao dia, acabo levando um pouco do hidratante para outras partes do corpo, coisa que eu não fazia antes”, completa.