A americana Hayley Wester é conhecida no Instagram por sua abordagem franca sobre a acne. Ela não se incomoda em postar fotos sem filtros e falar sobre sua relação com sua pele acneica. Volta e meia ela vai mais fundo, abordando temas como sua própria depressão e seu tratamento com Roacutan. Recentemente, Hayley levantou uma pergunta bem interessante: seria a acne não profissional? Tudo bem, você pode usar maquiagem para cobrir espinhas, cicatrizes e manchas, mas e se você um dia decidir ir trabalhar de cara lavada?
Hayley Wester
Acne no trabalho: como funciona?
Este é o dilema dela. Até agora, Hayley trabalhava em um armazém, e por isso não via necessidade de usar maquiagem. Como tem sentido sua pele melhor com o passar do tempo e uso de tratamentos, ela não sente mais tanta vontade de cobrir a pele, mesmo quando der seu próximo passo profissional: ingressar na medicina. Mas como será que sua pele acneica, ainda com espinhas e repleta de cicatrizes de acne, vai influenciar na impressão que as pessoas têm dela? "Estou com medo das pessoas começarem a julgar minha saúde por causa do meu rosto, e também meu profissionalismo. Não consigo não pensar que, na medicina, acne pode ser considerada como algo não profissional", ela escreveu em um post desabafo que rendeu uma enorme (e positiva discussão).
"Talvez eu comece usando maquiagem e aos pouquinhos vá diminuindo, até aparecer de rosto lavado? Ninguém fala sobre o quão estressante pode ser ter acne e começar uma nova carreira. É um assunto estranho, porque fomos condicionados a ter vergonha da acne, e escondê-la para sermos mais 'profissionais'", ela continuou.
Em seguida, um de seus seguidores comentou: "Parece que não consigo colocar minha vida em ordem se não consigo ter a pele limpa de espinhas e cicatrizes? Espero que não... A acne não é nossa identidade ou uma reflexão da nossa habilidade. Somos muito mais do que isso".
Pressão psicológica
Mas um dos maiores problemas da acne é justamente essa pressão psicológica. Você se sente feio, diminuído, e tem a impressão constante de que o que todo mundo vê primeiro em você são suas espinhas, cicatrizes ou manchas. Sobretudo no trabalho, é pior ainda, embora muita gente não assuma ou não fale muito sobre o assunto: acne pode ser sim ser vista como algo não profissional.
Eu me lembro perfeitamente da minha primeira entrevista de emprego. Foi para ser vendedora em uma loja - na época famosinha - em Ipanema. Fui à entrevista de banho tomado, cheirosa, arrumada e disposta a apresentar meu melhor. Na época tinha mais espinhas do que hoje, e minhas cicatrizes, acho, eram mais visíveis também.
"Mas você vai usar maquiagem, né?"
Logo em seguida às perguntas mais básicas, sobre experiência e horários, veio a pergunta, com tom de indagação séria: "Mas caso você venha fazer parte da nossa equipe, você vai fazer escova no cabelo e usar maquiagem todos os dias para o trabalho, não vai?" Respondi que sim. Era novinha, vivia debaixo desta pressão constante por causa dos meus cabelos volumosos e cacheados numa época em que chapinha era lei e sabia bem que minha acne não era bem vista. A confirmação, porém, foi como um soco no meu estômago.
Não consegui o emprego. Sabia que não conseguiria. Mas muito pior do que isso foi ter passado o resto do dia chorando e muito tempo depois me sentindo péssima por ter sido julgada pela minha pele (e meu cabelo!) antes de qualquer coisa. Então, respondendo à pergunta da Hayley: sim, a acne pode ser vista como algo não profissional. E isso precisa acabar.
Quando a rede social ajuda
Eu demorei muito tempo para fazer as pazes com a minha pele, mas Hayley, que bom, já vive em outra geração: para ela, e segundo ela mesma, abrir uma conta no Instagram e se expor sem filtros ou maquiagem foi um caminho menos tortuoso. "Decidi não me importar mais com o que os outros pensam de mim e decidi expor minha pele real nas redes sociais. Isso me trouxe tanta paz!" Que bom, né?
E vocês, têm alguma história com acne e vida profissional? Conta pra gente?