Foto: Mark Adriane/ Unsplash
É muito fácil a gente falar mal das redes sociais. Eu mesma, aqui na Sallve, não poupo críticas aos tantos padrões de beleza absurdamente fora da realidade que são trivializados no feed do Instagram. Ao mesmo tempo, ele está lá, instalado no meu celular, e é acessado constantemente ao longo do dia.
Grande vilão da vida moderna
O Instagram já foi apontado como a rede social que mais causa danos à saúde mental dos jovens. Todo mundo entende, né? É bem fácil, com apenas um scroll, sentir sua vida absolutamente sem sentido ou desprovida de qualquer emoção. Tudo bobagem, a gente sabe bem. Instagram é a terra das imagens fabricadas - igualzinho uma revista de moda. A diferença é que é vendido como vida real.
Mas qual será nossa responsabilidade aí, hein?
Nos últimos tempos, porém, tenho pensado se não temos que rever como o Instagram funciona pra nós mesmos. Se ele não espelha o que você quer ver, será que não é porque a gente desafinou justamente o nosso olhar nas redes sociais?
Você já parou pra pensar no que você escolhe ver? Porque se é a gente que faz a curadoria do que vai aparecer nas timelines do nosso Instagram, não é bacana exercitar a nossa cabeça e apontar nossos olhos para o que a gente gosta e o que combina com a gente?
Quem estamos seguindo e curtindo?
Outro dia, conversando com uma amiga sobre maquiagem e redes sociais, ela comentou: "Eu amo a Rihanna, mas ela simplesmente deixou de ser referência de maquiagem para mim com a Fenty, porque eu não curto aquela pele pesadona. Então parei de seguir a marca e tudo bem". Sua timeline, no caso, é repleta de imagens que são referências de beleza leve e natural. E de tudo que ela gosta de ver e copiar, ou que a inspiram justamente por serem absurdas.
É engraçado como o Instagram tem esse paradoxo. É um app que faz com que as pessoas gritem "olhem pra mim!". Mas ao mesmo tempo causa essa cegueira na gente, de nós mesmos passarmos a não nos ver mais.
Se a gente afinar justamente esse nosso olhar e essa nossa relação com nós mesmos, o Instagram pode sim ser muito bacana. De autoconhecimento, de ótimas referências de beleza, de troca de informação. De descobrir novas fontes, novos artistas. Para a Julia, afinar o olhar e mais ainda a mente teve a ver com passar um ano sem comentar em nada nas redes sociais. Para mim, foi deixar de seguir um monte de gente que não tem nada a ver com o que eu estou a fim de ver.
O que a gente precisa mesmo é fazer o Instagram funcionar pra gente ao invés do contrário. Porque vida que é vivida em função de um feed animado não tá com nada. E padrão de beleza que impõe o que a gente não quer, não precisa estar no nosso campo de visão, né?